Você sabe o que é a sonegação fiscal? Trata-se de esconder ou manipular informações para reduzir ou evitar tributos — como não emitir notas fiscais, usar documentos falsos, subfaturar valores ou manter um caixa 2. Essa prática é crime no Brasil, prevista desde a Lei nº 4.729/1965 e reforçada pela Lei nº 8.137/1990, que ampliou a definição para os chamados crimes contra a ordem tributária.
Com os avanços nos sistemas de fiscalização — Notas Fiscais, PIX, cartões e SPED — em 2025 o risco de ser descoberto é maior do que nunca. As consequências vão de multas pesadas e exclusão de regimes especiais até bloqueios de certidões e processo criminal. Este guia ajuda pequenas e médias empresas a entenderem os riscos e, principalmente, como evitar a sonegação e manter a conformidade fiscal.
O que é sonegação
Sonegação é manipular ou omitir dados para reduzir ou evitar tributos (ex.: vendas sem NF, notas frias, subfaturamento, créditos indevidos). Não confunda com inadimplência (atraso no pagamento): a sonegação exige fraude.
Onde costuma ocorrer
- Varejo físico e e-commerce/marketplaces: venda sem nota ou nota parcial.
- Prestação de serviços (ISS): emissão de RPS/NFS-e fora do padrão ou cancelamento de notas sem comprovação real da operação.
- Operações interestaduais (ICMS/DIFAL/ST): uso indevido de CFOP/NCM.
- Folha de pagamento e retenções: contratação de empregados frios ou freelancers sem vínculo formal, pagamentos “por fora” e apropriação indevida de tributos retidos de terceiros.
Como o fisco detecta
O fisco identifica irregularidades por meio de cruzamentos de NF-e/NFS-e/CF-e, meios de pagamento (cartões/PIX), SPED/EFD/ECF, declarações municipais/estaduais (DMISS/EFD-ICMS) e malhas do e-CAC. Por exemplo, se você comprar produtos com nota fiscal, mas não registrar a venda ou faturamento correspondente, essas divergências recorrentes podem disparar a fiscalização.
O que acontece se você esquecer de declarar algo
Esquecer de registrar vendas, receitas ou impostos pode gerar inconsistências fiscais que chamam a atenção do fisco. Para evitar problemas maiores, é fundamental identificar a falha o quanto antes, entrar em contato com seu contador e corrigir as declarações, pagando a diferença de tributo quando necessário.
Dica da Razonet: Se você identificar uma falha, corrija antes de qualquer procedimento fiscal. Pela regra da denúncia espontânea do CTN, pagar o tributo devido com os juros aplicáveis reduz as penalidades. Guardar XML/PDF por 11 anos e manter uma trilha de auditoria ajuda a comprovar boa-fé.
Por que as pessoas sonegam (raízes do problema)
A sonegação no Brasil é um fenômeno multifatorial. Não se trata apenas de carga tributária alta ou falta de conhecimento, mas de uma combinação de fatores como:
- Percepção de carga/complexidade: “é caro e confuso, todo mundo faz”.
- Falhas operacionais: parametrização incorreta (CFOP/CSOSN/NCM/cód. de serviço), cadastros desatualizados, estornos sem lastro.
- Caixa apertado: prioriza folha/fornecedor e “adapta” a emissão — criando uma bola de neve.
- Controles fracos: ausência de gestão financeira adequada, sem acompanhamento de entradas, saídas e movimentações, abrindo espaço para erros e irregularidades.
- Falta de emissão de notas: considerar o processo burocrático ou desnecessário e deixar de emitir nota fiscal, aumentando o risco de autuação.
Além disso, a percepção de altas cargas tributárias muitas vezes gera revolta no empreendedor, que acaba buscando alternativas para burlar essa obrigação fiscal.
Antídotos que funcionam
- Emissão de nota fiscal de 100% do valor faturado: não deixe nada fora do sistema oficial.
- Controle e conciliação financeira diária: acompanhe caixa, entradas e saídas, meios de pagamento, ERP, notas fiscais e registros no SPED/PGDAS.
- Revisão da tributação e configurações na emissão de notas fiscais: mantenha cadastros sempre atualizados.
- Gestão financeira organizada: não precisa ser sistema complexo, mas é essencial ter clareza entre o que entra no caixa e o que foi emitido em notas fiscais.
- Acompanhamento contábil: para empresas maiores (ex.: indústrias), contar com profissional dedicado internamente para ajustar rotinas e reduzir riscos operacionais.
Nota: Com uma contabilidade digital, toda a gestão fiscal da sua empresa fica centralizada em um único aplicativo — notas fiscais, impostos, extratos e alertas. Assim, você ganha praticidade no dia a dia, mantém as informações organizadas e reduz drasticamente o risco de erros ou problemas com o fisco.
Principais tipos de sonegação (com exemplos do dia a dia)
A sonegação não acontece apenas em golpes “sofisticados”. Veja os modos mais comuns — e como cortar o risco na origem:
1) Não emitir (ou emitir parcialmente) a nota
- Exemplos: vendas no balcão sem NF-e/CF-e, serviços sem NFS-e, nota apenas de parte do valor.
- Como evitar: adote política de emissão 100%, integre PDV/ERP ↔ meios de pagamento ↔ SPED/PGDAS, e faça auditoria semanal de cancelamentos e RPS.
2) “Nota fria” (documento inidôneo)
- Exemplos: nota emitida por empresa de fachada para “gerar despesa/crédito”; entrada sem lastro físico.
- Como evitar: valide o emissor (CNPJ, IE, situação cadastral), confira XML e ocorrência logística (pedido, romaneio, canhoto, rastreio). Se identificar nota emitida em nome do seu CNPJ que não reconhece, procure o contador para orientações sobre cancelamento ou invalidação correta.
3) Subfaturamento e trocas de NCM/CFOP para reduzir imposto
- Exemplos: declarar preço menor, “migrar” NCM para alíquota mais baixa, usar CFOP incorreto (interestadual x interna).
- Como evitar: mantenha cadastro fiscal atualizado (NCM, CST/CSOSN, CFOP, origem) e revise periodicamente alíquotas/ST/DIFAL.
4) Créditos indevidos de ICMS/PIS/Cofins
- Exemplos: crédito sobre insumos não admitidos, duplicação de créditos, aproveitamento fora do regime.
- Como evitar: só utilize crédito após confirmar na legislação se o item é aplicável e peça parecer contábil em casos de dúvida.
5) Omissão de receitas de cartão/PIX/marketplaces
- Exemplos: vendas na maquininha sem nota, divergências entre extratos do banco/gateway e o declarado no SPED ou PGDAS.
- Como evitar: faça controle diário do caixa e dos recebimentos (cartão, PIX etc.) comparando com notas emitidas. Corrija diferenças no mesmo mês e, acima de tudo, sempre emita nota fiscal de tudo o que faturar.
6) Cancelamentos/manipulações de notas fiscais
- Exemplos: cancelamento sem devolução real, reemissão com valor menor.
- Como evitar: defina processo formal de aprovação para cancelamentos de NFs e devoluções.
7) Folha “por fora” e apropriação de tributos retidos
- Exemplos: empregados sem registro, não pagar INSS/IRRF/ISS retido.
- Como evitar: registre todos os colaboradores legalmente, utilize RPA formal para autônomos e pague guias de retenções até o vencimento.
Dica da Razonet: se você tiver dúvidas sobre emissão de notas, parametrização fiscal ou outras obrigações tributárias, consulte um contador especializado. Ele pode revisar suas rotinas e orientar sobre como reduzir riscos de erros e autuações.
Riscos e consequências (administrativos, civis e penais)
Sonegar não é um “atalho de caixa”. As consequências são graves em diferentes frentes: tributária, criminal, bancária e reputacional.
Multas e medidas fiscais
- Multa: começa em 75% do tributo devido e pode chegar a 150% ou 225% em hipóteses qualificadas.
- Juros e correção monetária: acréscimo significativo sobre o valor da dívida.
- Perda de créditos: além de apreensão de mercadorias e autorregularização com prazos curtos.
- Exclusão do Simples Nacional: empresas enquadradas podem ser retiradas do regime.
- Bloqueios e restrições: baixa de IE/CCM, CND negada, restrições em licitações, impedimento de emitir notas fiscais e até bloqueios para compras em nome do CNPJ.
Risco penal (crimes contra a ordem tributária)
- Condutas: suprimir/reduzir tributo por omissão de informações, declarações falsas, documentos fraudados ou emissão de notas inidôneas.
- Penas: reclusão de 2 a 5 anos e multa, além das sanções administrativas.
- Contribuições previdenciárias: falta de recolhimento pode configurar crime contra a seguridade social (art. 168-A do Código Penal), com pena de 2 a 5 anos. O empregado não é penalizado — cabe a ele cobrar regularização junto à Receita.
Empregados “frios” ou não registrados
Manter empregados sem registro ou pagos “por fora” expõe a empresa a:
- Multas administrativas: R$ 800 para microempresas e R$ 3.000 para outras (valores dobram em caso de reincidência).
- Pagamento retroativo de FGTS, férias, 13º salário e outras verbas.
- Recolhimento de contribuições previdenciárias atrasadas.
- Indenizações trabalhistas por danos morais.
- Perda de certidões negativas (INSS, FGTS), afetando contratos e licitações.
Impactos bancários e comerciais
- Redução de score de crédito e limites bancários.
- Bloqueios em marketplaces e adquirentes de cartão.
- Cláusulas de rescisão em contratos corporativos.
Como reagir rápido se detectar um problema
Detectou inconsistência? Não espere. Sempre entre em contato com seu contador para entender o período e a origem do erro (ex.: cadastro fiscal, PDV, marketplace).
- Corrija na fonte: ajuste parametrizações e refaça apurações para evitar recorrência.
- Retifique, pague ou parcele: regularize tributos em aberto com apoio do contador, garantindo que tudo seja feito corretamente.
- Documente a correção: salve relatórios, prints e XML como evidência.
- Fortaleça controles: crie processos internos para que o erro não se repita.
Boa prática: sempre que identificar falhas, regularize antes de qualquer notificação. A denúncia espontânea garante redução de penalidades. Conte com o apoio da contabilidade digital da Razonet para guiar todo o processo de regularização.
Como começar a organizar a rotina da empresa e evitar sonegação
Para manter sua empresa em conformidade, estruture controles e rotinas. Veja a matriz rápida de riscos:
Risco | Onde nasce | Indicador de alerta | Solução |
---|---|---|---|
Venda sem nota | PDV/marketplace | Meios de pagamento > Notas | Conciliação diária + bloqueio de fechamento |
“Nota fria” | Compras | Fornecedor sem lastro | Validação do fornecedor + conferência logística |
Subfaturamento/NCM/CFOP | Cadastro fiscal | Tributação fora do padrão | Revisão mensal de cadastros e tributos |
Retenção não recolhida | Folha/serviços | RPA/folha sem guia paga | Calendário de retenções + conferência |
Como pagar menos impostos?
A solução ideal não é sonegar, mas sim adotar planejamento tributário — organizar a operação para pagar menos dentro da lei (escolha de regime, CNAE adequado, incentivos, benefícios, uso do Fator R quando aplicável, créditos permitidos).
Para isso, conte com um contador experiente que faça um planejamento profissional e alinhado ao seu negócio. A equipe da Razonet pode estruturar um plano tributário sob medida para reduzir custos sem riscos fiscais.
Perguntas Frequentes
1. Sonegação é a mesma coisa que atraso de pagamento (inadimplência)?
Não. Sonegação envolve fraude/omissão (não emitir nota, nota fria, subfaturar etc.). Inadimplência é pagar fora do prazo sem manipular informações.
2. Vender sem nota para “baixar o preço” caracteriza sonegação?
Sim. Se sua empresa é obrigada a emitir documento fiscal (NFS-e, NF-e ou CF-e), precisa emitir nota independente da forma de pagamento (PIX, cartão ou dinheiro).
3. Posso substituir a nota por recibo?
Não. O recibo não substitui a nota fiscal. Ele é apenas comprovante de pagamento e não tem valor legal para fins fiscais.
4. Errei NCM/CFOP e paguei imposto a menor. É sonegação?
Se o erro foi pontual e sem intenção de fraude, é uma irregularidade corrigível: retifique declarações, pague diferenças e multas. Se for intencional ou recorrente, é sonegação fiscal.
5. Qual é o tamanho das multas na sonegação?
A partir de 75% do tributo, podendo chegar a 150% ou 225% em casos agravados, além de juros e penalidades adicionais.
6. “Nota fria” dá problema só para quem emite?
Não. Tanto quem emite quanto quem usa nota fiscal inidônea pode ser autuado, perder créditos fiscais, pagar multas e até responder criminalmente.
7. O fisco descobre como?
A Receita cruza dados de notas, declarações, movimentações bancárias, PIX, cartões e informações de clientes/fornecedores. Divergências disparam fiscalização.
8. Posso perder o Simples Nacional por sonegação?
Sim. Há termos de exclusão por irregularidade. Regularize dentro do prazo para evitar a saída do regime.
9. O que é “denúncia espontânea” e quando ajuda?
É a regularização feita antes de ação fiscal. Pagar o tributo + juros pode reduzir ou afastar multas punitivas.
10. Como tratar cancelamentos e devoluções sem risco?
Exija comprovantes, registre o motivo, emita NF de devolução quando necessário e guarde registros de aprovação.
11. Preciso guardar XML/PDF por quanto tempo?
Por 11 anos, organizados por competência e vinculados a extratos de pagamento.
12. Registro de empregado frio e retenções não recolhidas entram na conta?
Sim. Configuram infração grave, passível de autuação. Registre colaboradores legalmente e pague tributos em dia.
13. Planejamento tributário ajuda a pagar menos imposto?
Sim! É a forma legal de escolher regime, CNAE adequado e aproveitar créditos fiscais sem risco de autuação.
14. Quem responde dentro da empresa?
O sócio administrador geralmente responde. Mas diretores, contadores e funcionários envolvidos em fraude também podem ser responsabilizados civil, administrativa e criminalmente.
Conclusão
Regularizar a rotina fiscal evita multas, exclusões e riscos criminais. O caminho é claro: emitir notas corretamente, revisar cadastros, controlar entradas e saídas, pagar tributos em dia e contar com acompanhamento contábil. A sonegação não é solução — planejamento tributário é a saída inteligente.
Dica da Razonet: mantenha um painel único com obrigações, prazos e comprovantes. Isso reduz falhas e agiliza auditorias, pedidos de crédito e garante tranquilidade fiscal.
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