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Virei PJ, e Agora?

Agora que você é PJ, é essencial entender as responsabilidades fiscais e financeiras do seu negócio. Confira este guia para evitar erros, escolher o regime tributário certo e manter tudo em dia!
Empreender Sem Burocracia Empreendedorismo
Por Eduarda Stella
31 ago 2025 | Atualizado 01 set 2025
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Trocar a carteira assinada pelo CNPJ é um passo importante e cheio de responsabilidades. Operar como pessoa jurídica exige conhecer regras, prazos e obrigações que garantem sua regularidade fiscal e financeira.

Este guia foi criado para que você, recém-PJ, possa atuar com segurança desde o primeiro dia — evitando multas, erros na emissão de notas e “surpresas” na hora de pagar impostos.

Virei PJ: por onde começar

O primeiro passo é entender qual estrutura societária e regime tributário se encaixam na sua realidade. Essa decisão impacta diretamente o valor dos impostos, a forma de emitir notas e até sua margem de lucro. Primeiramente vamos entender o que é MEI x SLU/LTDA e quando escolher cada um:

MEI (Microempreendedor Individual)

Ideal para faturamento de até R$ 81 mil/ano e atividades permitidas na lista oficial do Portal do Empreendedor. Tem carga tributária reduzida, mas limita a contratação de funcionários (1 no máximo) e impede participação como sócio em outras empresas. Você pode entender melhor no nosso Guia completo do MEI

SLU (Sociedade Limitada Unipessoal) ou LTDA

Para quem ultrapassa o teto do MEI, precisa de sócios ou exerce atividades não permitidas no MEI. Oferece limitação de responsabilidade e flexibilidade para escolher o regime tributário (Simples Nacional, Lucro Presumido ou Lucro Real).

Dica do especialista da Razonet: A escolha errada pode gerar retrabalho, aumento de impostos e até impedir a emissão de notas. Consulte um contador antes de abrir o CNPJ.

CNAE e impacto no anexo/tributos (ISS/ICMS)

O CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) define:

  • A tributação da sua atividade no Simples Nacional (Anexos III, IV ou V).
  • Se a incidência será de ISS (serviços) ou ICMS (comércio/indústria).
  • A necessidade de licenças ou alvarás específicos no município/estado.

Exemplo: Um desenvolvedor de software (CNAE 6201-5/01) no Anexo III inicia com alíquota de 15,5%. Já uma empresa de construção civil no Anexo IV tem CPP patronal fora do DAS.

Simples x Presumido x Real: critérios de escolha

Simples Nacional: unifica impostos no DAS; alíquota inicial a partir de ~6% (varia por anexo e receita acumulada). É a porta de entrada para a maioria dos prestadores de serviço. Mas para entender melhor, leia nosso artigo sobre o Guia Completo do Simples Nacional

Lucro Presumido: geralmente entre 15% e 16% de carga efetiva em serviços. Pode ser vantajoso para margens altas ou atividades fora do Simples.

Lucro Real: mais complexo; indicado para empresas com margem estreita ou obrigadas por lei.

Escolha sua CNAE correta: revise o CNAE e o enquadramento antes de emitir a primeira nota — isso evita recolhimento errado de impostos e problemas de regularidade.

Operação fiscal do dia a dia

Assim que o CNPJ é aberto, o próximo passo é colocar a operação fiscal para rodar. Isso inclui emitir notas fiscais corretamente, ter o certificado digital ativo e conhecer as regras de retenção de impostos.

Emissão de notas fiscais (NFS-e / NF-e)

NFS-e (Nota Fiscal de Serviços Eletrônica): emitida pelo sistema da prefeitura, para empresas prestadoras de serviços.

NF-e (Nota Fiscal Eletrônica): emitida pelo sistema estadual ou autorizado, para comércio e indústria.

O acesso aos sistemas exige cadastro prévio e, em muitos casos, certificado digital.

Atenção: empresas no Simples Nacional ainda precisam indicar a alíquota correta e o CNAE da atividade na nota para evitar retenções indevidas.

Certificado digital: tipos e validade

O certificado digital funciona como a assinatura eletrônica da empresa e é exigido para:

  • Emissão de notas fiscais em diversos municípios/estados;
  • Acesso a sistemas como e-CAC e e-Social;
  • Cumprimento de obrigações acessórias (DCTFWeb, EFD-Reinf, etc.).

Tipos principais:

  • A1: armazenado no computador; validade de 1 ano.
  • A3: armazenado em token ou cartão; validade de 1 a 3 anos.

Dica do especialista da Razonet: Prefira o modelo A1 se emitir notas com frequência e utilizar sistemas de gestão. Ele é mais rápido e integrado.

Retenção de impostos: IRRF, INSS, ISS

Mesmo no Simples Nacional, a sua nota pode sofrer retenção de impostos.

Exemplo: prestação de serviços para órgãos públicos ou grandes empresas pode gerar:

  • IRRF: retido na fonte conforme tabela progressiva ou fixa;
  • INSS patronal: em atividades do Anexo IV do Simples;
  • ISS: retido pelo tomador em contratos específicos ou por exigência municipal.

Dica do especialista da Razonet: Sempre envie a nota acompanhada de um resumo das regras fiscais da sua empresa para evitar retenções indevidas.

Obrigações acessórias, prazos e multas

Ser PJ não significa apenas emitir notas e pagar impostos. É preciso cumprir uma série de obrigações acessórias, que variam conforme o regime tributário e a atividade.

Obrigações mensais mais comuns

  • Emissão de notas fiscais e envio aos clientes;
  • Apuração e pagamento do DAS (Simples Nacional) ou guia de tributos federais (Lucro Presumido/Real);
  • EFD-Reinf e DCTFWeb para empresas com folha de pagamento ou retenções de impostos;
  • GFIP ou eSocial para registro de funcionários.

Obrigações anuais

  • DEFIS (Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais) para empresas no Simples Nacional;
  • ECD/ECF (Escrituração Contábil Digital/Fiscal) para Lucro Presumido e Real;
  • DIRF (Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte), quando aplicável;
  • RAIS e Informe de Rendimentos para empregados.

Prazos e penalidades

  • O atraso no pagamento de tributos gera multa de 0,33% por dia, limitada a 20%, além de juros da taxa Selic.
  • Obrigações acessórias entregues fora do prazo podem gerar multas fixas ou proporcionais ao faturamento, que variam de R$ 50 a mais de R$ 1.500, dependendo do regime.
  • Tenha um calendário fiscal personalizado para o seu CNPJ. Isso garante que nenhuma obrigação seja esquecida e evita custos desnecessários.

Gestão financeira: pró-labore, distribuição de lucros e reservas

A saúde financeira da empresa depende de uma boa organização entre o que é dinheiro do negócio e o que é remuneração do sócio. Misturar as contas pessoais e empresariais é um dos erros mais comuns entre os novos PJs — e também um dos mais prejudiciais.

Pró-labore

  • É a remuneração fixa que o sócio-administrador retira mensalmente pelo trabalho na empresa.
  • Está sujeita a INSS (alíquota mínima de 11% sobre o valor declarado).
  • Não é o mesmo que lucro — é tratado como despesa da empresa.

Defina um valor de pró-labore realista, que cubra seus custos pessoais sem comprometer o capital de giro do negócio.

Distribuição de lucros

  • Pode ser isenta de IR para o sócio, desde que a contabilidade esteja regular e o lucro seja comprovado.
  • É recomendável fazer a distribuição de forma periódica, mas sem comprometer a saúde financeira da empresa.
  • Não substitui o pró-labore — são naturezas diferentes.

Reservas financeiras

Manter reservas é essencial para:

  • Cobrir meses de faturamento baixo (sazonalidade);
  • Evitar empréstimos emergenciais;
  • Aproveitar oportunidades de investimento no negócio.

Regra prática: reserve de 10% a 20% do lucro líquido mensal para um fundo de segurança.

Obrigações trabalhistas e contratação de funcionários

Mesmo que o seu negócio seja pequeno, contratar um funcionário formalmente implica em responsabilidades trabalhistas e previdenciárias que precisam ser cumpridas à risca.

Regras para contratação

  • Empresas no Simples Nacional podem contratar funcionários seguindo as mesmas leis trabalhistas das demais empresas.
  • O MEI pode ter apenas 1 funcionário registrado em regime CLT. Você pode entender melhor no nosso artigo sobre quantos funcionários o MEI pode ter.
  • É necessário registrar no eSocial antes do início das atividades do empregado.

Encargos sobre a folha

  • INSS patronal (parte da empresa) – varia de acordo com o regime tributário e a atividade;
  • FGTS – 8% sobre o salário;
  • Provisões trabalhistas – férias, 13º salário e verbas rescisórias.

Obrigações mensais

  • Enviar informações ao eSocial dentro do prazo;
  • Recolher encargos até o dia 7 de cada mês (FGTS) e até o dia 20 (INSS);
  • Manter controle de ponto, folha de pagamento e recibos.

Planejamento tributário e importância da contabilidade

Ao se tornar PJ, é fundamental entender que pagar menos impostos não significa sonegar, mas sim utilizar a legislação a seu favor por meio de um bom planejamento tributário.

O que é planejamento tributário

É o conjunto de estratégias para:

  • Escolher o regime tributário mais vantajoso;
  • Aproveitar benefícios e isenções previstos em lei;
  • Reduzir a carga tributária de forma legal;
  • Evitar pagamentos indevidos e multas.

Exemplo: mudar de CNAE ou de anexo do Simples Nacional pode reduzir significativamente o valor do DAS ou eliminar encargos adicionais.

A importância de ter um contador

  • Garante que todas as obrigações fiscais, trabalhistas e acessórias sejam cumpridas corretamente.
  • Auxilia na organização financeira e no controle de caixa.
  • Mantém o CNPJ em situação regular junto à Receita Federal, prefeituras e demais órgãos.

Dica do especialista da Razonet: Um contador experiente é o seu aliado para evitar riscos fiscais e aproveitar oportunidades legais de economia. Até mesmo para escolher o melhor regime tributário para sua empresa.

 

Perguntas Frequentes sobre ser PJ

  1. Virei PJ: preciso abrir conta PJ?

    Sim. Manter contas separadas para pessoa física e jurídica é fundamental para receber pagamentos, pagar impostos e controlar o caixa sem misturar finanças pessoais e empresariais.

  2. Qual certificado digital devo usar?

    O certificado A1 (formato de arquivo) é o mais indicado para a maioria dos PJs, pois facilita a emissão de NFS-e e NF-e, além de permitir automação de rotinas. Lembre-se de controlar a validade para evitar interrupções.

  3. NFS-e ou NF-e: qual emitir?

    Serviços: NFS-e (Nota Fiscal de Serviços Eletrônica) emitida pelo sistema da prefeitura.
    Produtos/mercadorias: NF-e (Nota Fiscal Eletrônica) emitida pelo sistema da SEFAZ estadual.
    Sempre verifique se o cadastro na prefeitura ou na SEFAZ está ativo antes de emitir.

  4. Como escolher o regime tributário (Simples, Presumido, Real)?

    A escolha depende do CNAE, da margem de lucro e do faturamento anual. Para serviços, o Simples Nacional costuma ser a porta de entrada por sua carga tributária inicial reduzida e simplicidade de apuração.

  5. Quando e como pago impostos no Simples?

    A apuração é feita no PGDAS-D e o pagamento no DAS deve ser realizado até o dia 20 do mês seguinte ao faturamento. Acompanhe a alíquota efetiva de acordo com o anexo e o acumulado anual.

  6. Pró-labore é obrigatório?

    Sim, para sócios-administradores. O pró-labore é a base para recolhimento de INSS e pode ser complementado pela distribuição de lucros, desde que a escrituração contábil esteja em dia.

  7. Tenho retenções na nota?

    No Simples Nacional, geralmente não há retenções, salvo exceções previstas em lei. Fora do Simples, podem ocorrer retenções federais de 4,65% e/ou de INSS de 11%, conforme o tipo de serviço e o contratante.

  8. Preciso guardar XML/DANFSe?

    Sim. É obrigatório manter um backup organizado (por ano/mês/cliente) dos arquivos XML e DANFSe. Eles servem como prova fiscal e podem facilitar a obtenção de crédito ou financiamentos.

  9. Preciso de contador sendo PJ no Simples?

    Embora não seja exigido por lei, ter um contador é altamente recomendado para manter cadastros atualizados, emitir notas corretamente, apurar o DAS e cumprir obrigações como PGDAS-D, DEFIS e eSocial.

  10. Pró-labore x distribuição de lucros: qual a diferença?

    Pró-labore: remuneração pelo trabalho do sócio, base para recolhimento de INSS e IR quando aplicável.
    Distribuição de lucros: retirada baseada no lucro apurado, que pode ser isenta de IR se a escrituração estiver regular.

  11. O que é Fator R e ele me ajuda?

    O Fator R é a relação entre folha de pagamento e receita bruta. Se for ≥ 28%, em alguns serviços permite migrar do Anexo V para o III no Simples Nacional, reduzindo a alíquota efetiva.

  12. Sou Anexo IV: por que pago CPP fora do DAS?

    No Anexo IV, a Contribuição Previdenciária Patronal (CPP) de 20% não está incluída no DAS. Ela deve ser recolhida via DCTFWeb (DARF) junto com as informações do eSocial/EFD-Reinf.

  13. Atraso do DAS: o que acontece? Dá para parcelar?

    O atraso gera multa, juros e irregularidade fiscal, o que pode impedir a emissão de certidões negativas. É possível parcelar débitos do Simples Nacional conforme as regras da Receita Federal.

  14. Preciso de alvará/licenças para emitir notas?

    Depende do CNAE e do município/estado. Algumas atividades são dispensadas de alvará, enquanto outras exigem licenças específicas. Sempre consulte a prefeitura ou a SEFAZ local.

  15. Quando devo sair do MEI e virar ME/LTDA?

    Se ultrapassar o limite de faturamento do MEI, exercer atividade não permitida ou precisar de uma estrutura societária diferente. Antes da migração, planeje a tributação, a emissão de notas e o pró-labore.

Próximos passos

Se tornar PJ abre portas para mais autonomia, maior rentabilidade e novas oportunidades de negócio. No entanto, exige organização, disciplina e atenção às obrigações fiscais, trabalhistas e contábeis. Com planejamento e suporte profissional, você evita erros comuns, mantém seu CNPJ regular e garante que seu negócio cresça de forma sustentável.

Lembre-se:

  • Escolher o regime tributário e o CNAE corretos é o primeiro passo para pagar menos impostos de forma legal.
  • Ter controle de caixa e separar finanças pessoais das empresariais é essencial para a saúde do negócio.
  • Cumprir prazos e manter a documentação organizada evita multas e bloqueios.

Dica do especialista da Razonet: O sucesso como PJ não depende apenas do quanto você fatura, mas de como você administra seu negócio e se mantém regular perante o fisco.

Quer iniciar sua jornada como PJ sem erros? A Razonet oferece consultoria completa para abrir seu CNPJ, enquadrar no melhor regime tributário e organizar sua rotina fiscal e financeira. Além disso, cuidamos de todas as suas obrigações, para que você possa focar no que realmente importa: fazer sua empresa crescer. Fale agora com um especialista da Razonet e comece sua vida como PJ de forma segura.